MEU FILHO NÃO COME NADA!

Educar ensinando uma boa alimentação, sadia e equilibrada, é sem dúvida uma das tarefas mais trabalhosas para os pais. A comida, ou melhor, as refeições, desde a idade de bebê até a adolescência (e mesmo quando adulto em alguns casos), são sem dúvida as motivadoras de lutas eternas entre pais e filhos, mas a idade mais crucial talvez seja entre os 2 e os 4 anos de idade.

 

Costumo ouvir diversos tipos de queixas: “meu filho não come absolutamente nada”ou ainda “ele come pouquíssimo ou não o suficiente”; “comia tão bem e de tudo e agora não sei por que não quer nada, apenas arroz sem o feijão e nem mesmo o caldo”, ou “ele come apenas macarrão sem molho nem manteiga”… enfim, a mesa é um verdadeiro campo de batalha entre os pais e os filhos.

 

O segredo para superar este período de uma forma serena é: não confunda amor com educação, nem alimentação com afeto. Lembre-se de que uma criança jamais morrerá de fome havendo comida sobre a mesa.

 

Entre os 18 e os 24 meses é o período que começa a formação da personalidade própria da criança. Se, porventura, seu filho perceber que os seus comportamentos lhe incomodam, ele vai explorar esta situação, para mostrar que ele já é capaz de se opor à sua autoridade. Está iniciando a fase do não, que é absolutamente normal no desenvolvimento das crianças.

 

Somando-se a este impasse, temos ainda nesta idade a chamada neofobia alimentar. As crianças recusam qualquer alimento novo, seja por desconfiança seja por medo daquilo que não conhecem ou nunca provaram.

 

A neofobia alimentar e a fase do não por si não explicam todas as recusas alimentares. E se o seu filho simplesmente não está com tanta fome hoje? O apetite pode variar de um dia para outro, seja por causa de um dente novo, seja por ter brincado em excesso e está mais com sono que fome, enfim a fome pode não ser a mesma de sempre.

 

Seguem algumas sugestões de como garantir uma alimentação variada e que satisfaça as necessidades do organismo, pois a dieta seletiva e a neofobia alimentar aos poucos terão que ser superadas.

 

1) Dê o exemplo! É fundamental que os pais sigam uma dieta equilibrada; se os pais não comem frutas ou verduras dificilmente o filho os aceitará.

 

2) O mesmo alimento deve ser apresentado repetidas vezes. O consumo de um alimento repetidas vezes aumentará o prazer do seu filho por este alimento. É importante porém não apresentar o mesmo prato repetidas vezes, mas propô-lo com certo intervalo e de forma diferente (por exemplo, a mandioquinha poderá ser apresentada uma vez na forma de puré, outra vez como um creme, outra como salada e até mesmo apenas cozida, colocando os pedaços no prato formando desenhos, colorindo o prato); o paladar pode ser educado, ser modificado e para isto basta ter tempo e paciência.

 

3) Não se deve fazer o filho aceitar um alimento de forma forçada. A ingestão forçada certamente criará uma aversão por este alimento.

 

4) Alimento não é moeda de troca. Se você comer tudo você ganha o doce, ou se comer os legumes ganha …. Enfim, seu filho não estará se alimentando de forma natural mas por causa do prêmio.

 

5) Evite distrações. No momento da refeição não deverá ter nem brinquedo, nem tablet e muito menos televisão, pois ele poderá recusar o alimento que o estará distraindo de algo que ele considera mais importante naquele momento.

 

6) Não pergunte ao seu filho o que ele quer. Escolha você a dieta que considera mais adequada, respeitando aquilo que muito o desagrada, mas mesmo estes alimentos que ele não gosta devem ser apresentados de tanto em tanto.

 

7) As crianças precisam de limites dentro dos quais sentem-se mais seguras. Isso vale para as refeições, é importante haja regras que você possa respeitar (os filhos se sentem muito inseguros quando os pais têm comportamento incoerente).

 

Nós temos por norma dizer às mamães que, se o filho está recusando a alimentação, ou ele está fazendo algum tipo de birra ou pode estar doente ou encubando algum tipo de doença. Se estiver doentinho, como citamos em trabalho anterior, o organismo recusa alimentos. Em ambas as situações, devemos respeitar e não insistir ou propor trocas por outros alimentos, procure ver exatamente o que está acontecendo e siga as orientações acima.